Lugares numerados no cinema dividem opinião de frequentadores

Há quem defenda a regra para manter a ordem, outros se sentem presos e preferiam poder mudar de lugar

por Eduardo Tristão Girão 02/12/2012 10:54

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Jackson Romanelli/EM/D. A Press
Felipe Candiotto gosta do lugar certo: "Não tem confusão, não tem pressa e não preciso ficar na fila" (foto: Jackson Romanelli/EM/D. A Press)

No fim das contas, com ou sem lugar marcado, escolher assento no cinema continua sendo tarefa que requer do espectador antecipação na compra do ingresso. Seja para ter mais opções no mapa de cadeiras, seja para garantir boa posição na fila de entrada da sala de exibição. Entre os frequentadores belo-horizontinos, não há unanimidade. Escolher onde ficar previamente é, para uns, comodidade sem igual e, para outros, chateação por dificultar a possibilidade de troca lá dentro.

A confusão entre espectadores do filme A saga crepúsculo: Amanhecer – O final no Cinemark do BH Shopping, há cerca de uma semana, possivelmente teve início por conta de uma discussão sobre lugar marcado. Por causa disso, policiais foram chamados ao local e houve até boato de tiros. A falta de educação em espaços públicos é algo à parte nessa questão, que continuará – independentemente de legislação – gerando opiniões divergentes e compreensíveis.

“Prefiro o lugar marcado. É questão de praticidade e a gente não tem de ficar se preocupando com fila. Já vi muita confusão em cinema sem lugar marcado, como pessoas que chegam mais cedo e reservam lugares para outras colocando bolsas em cima das poltronas. Voltei a frequentar mais cinema por causa disso, por estar mais organizado”, diz o advogado Marco Antônio Gonçalves, de 34 anos. No sábado, aliás, ele deixou de assistir a Amanhecer porque os assentos restantes da sessão não lhe agradaram – viu outro filme.

Já o funcionário público Rogério Marcos Fonseca, de 49 anos, não gosta desse sistema. “Como eu ficaria, por exemplo, se comprasse ingresso de lugar marcado e a pessoa com quem combinei de ir ao cinema não? Ela teria de ter sorte para encontrar assento ao lado do meu”, exemplifica. Além disso, lhe agrada a possibilidade de poder trocar de lugar se quiser.

A aposentada Ana Maria Coelho, de 65 anos, lembra outro inconveniente da cadeira numerada: “Dá problema quando a gente chega e a sessão já começou. Aí tenho de procurar meu lugar no escuro. Há um lado bom nisso nessa venda de ingresso, mas é melhor você se sentar onde quiser”. Embora também enxergue alguma vantagem, o estudante Thiago Vasconcelos, de 26 anos, considera “desnecessário” o lugar marcado. “Acho que nunca fui a um cinema assim, mas talvez seja bom numa sessão muito cheia”, completa ele.

Para o estudante Felipe Candiotto, de 15 anos, que prefere o lugar marcado, é uma questão de organização: “Não tem confusão, não tem pressa e não preciso ficar na fila. Sinto-me mais confortável e seguro”. Há até quem dê preferência a cinemas que operem dessa forma, como a dona de casa Soraia Cristina Figueiredo Neto, de 37 anos. “Acho importante ser assim, pois a gente já entra sabendo onde vai sentar. Todos os cinemas deveriam ser assim”, afirma ela.

Tendência

Lúcio Otoni, gerente geral da Cineart e diretor do Sindicato das Empresas Exibidoras de Minas Gerais, acredita que todas as salas da cidade vão aderir ao sistema de venda com cadeira numerada. “Assim, o público se organiza melhor. Há casos esporádicos de gente que causa transtorno e nossos funcionários são treinados para conversar com os que desrespeitam esse sistema. Há clientes que preferem escolher o lugar ao chegar à sala e reclamam por causa disso, mas são minoria”, diz.

Atualmente, a Cineart controla cerca de 50 salas de cinema em oito shoppings da Região Metropolitana de Belo Horizonte e, de acordo com ele, foi a pioneira na venda de lugares marcados na capital mineira ao inaugurar o complexo de salas do Boulevard Shopping, em dezembro de 2010. Lúcio afirma que, no momento, a empresa trabalha para que todas as suas salas operem com esse sistema de venda a partir dos próximos meses.

A situação do diretor do Cine Belas Artes, Pedro Olivotto, é delicada. “Não temos como ter venda de lugar marcado em função do tamanho de nossas salas, que são pequenas, e pelo fato de o imóvel ser tombado. Não posso aumentar as salas, nem a inclinação. Ninguém ia querer se sentar nos lugares da frente, por exemplo. Coloco-me contra esse sistema não pelo direito de escolha das pessoas, mas pela minha situação, que é específica”, afirma.

Multa e prazo

Em Belo Horizonte, uma lei municipal obriga os cinemas a adotar o sistema de venda de ingresso com cadeira numerada. De autoria do vereador Leonardo Mattos (PV), a Lei 10.199 foi publicada em 7 de junho de 2010 e prevê advertência e, na sequência, multa no valor de 50 vezes o preço do ingresso cobrado pelo espaço de exibição, caso persista a irregularidade (depois de 60 dias de aplicada a advertência). O prazo de adequação foi de 180 dias, contados a partir da data de publicação da lei.

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