Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte, o forumdoc.bh, começa nesta quarta

Programação traz 70 filmes brasileiros e estrangeiros, todos com entrada franca

por Mariana Peixoto 21/11/2012 09:18

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Raymond Depardon/Divulgacao
Documentário de Raymond Depardon, Caçadores e Xamãs, será exibido na sessão de abertura do festival (foto: Raymond Depardon/Divulgacao )
 

Setenta filmes estão na programação da 16ª edição do Festival do FilmeDocumentárioeEtnográfico de Belo Horizonte – forumdoc.bh, que começa na noite desta quarta-feira, no Cine HumbertoMauro. Até 2 de dezembro serão exibidos, com sessões também no câmpus da UFMG, produções nacionais e internacionais dentro de diferentes mostras. Além das já tradicionais competitivas (14 produções brasileiras e 10 estrangeiras estão na disputa), o festival vai contar com duas mostras temáticas: A mulher e a câmera e Cânone e contra-cânone (que pretende fazer uma revisão crítica de importantes produções da cinematografia nacional). Leia também: Festival Latino 2012 promove intercâmbio entre cinema brasileiro, espanhol e latino-americano Realizado pela Associação Filmes de Quintal, o forumdoc nasceu há 16 anos como um projeto de extensão da UFMG, por meio de um grupo de curadores que reúne professores, pesquisadores e alunos. O caráter de fórum do evento permite que as sessões vão além da mera exibição. Muitas das apresentações são seguidas de palestras, debates e mesas-redondas. Entre os convidados para a reflexão estão os realizadores Helena Ignez, Helena Solberg, Silvio Da-Rin (que lança seu mais recente filme, Paralelo 10), Marília Rocha, Patrícia Ferreira e os pesquisadores Carlos Fausto, Hernani Heffner e Renato Sztutman. Curadora da mostra A mulher e a câmera, Carla Maia chama a atenção para a vinda da realizadora francesa Claire Angelini, que vai ministrar a oficina “Filme documentário: entre memória, fala e território, um caminho político”. “Também serão exibidos dois filmes dela (La guerre est proche, de 2011, e Et tu es dehors, deste ano, ambos seguidos de comentários da própria Angelini), que tratam da memória e da história, nos moldes do ensaio.” De acordo com a curadora, a intençãodamostraéatualizarocinema feito por mulheres. “Existe um grande clichê quando se fala sobre filmes de mulheres: que eles são autobiográficos, que elas costumam falar de si mesmas. Queremos deslocair essa ideia, mostrar uma assinatura feminina no cinema, não tentar criar um ‘estilo feminino’.” Para tal, foram selecionadas produções de realizadoras históricas, como a cineasta belga Agnès Varda, até nomes mais contemporâneos, como a vietnamita radicada nos EUA Trinh T. Minh-ha. “Reassemblage (1982) é um filme sobre as mulheres no Senegal. Já Surname viet given name nam (1989) tenta dar conta do contexto sociopolítico no Vietnã por meio das vozes das mulheres.” Já a mostra Cânone e contra-cânone traz filmes importantes para a cinematografia nacional. Alguns clássicos, outros menos conhecidos. Curador da mostra, Ewerton Belico explica que tentou buscar filmes representativos da seara experimental e vanguardista que se apropriaram de elementos do cinema popular. Para tal, dividiu a programação em quatro blocos: cinema erótico; policial; sertanejo (que utiliza os padrões do western, tentando adaptar para uma paisagem brasileira) e releitura da chanchada. POLICIAL No diálogo entre o cinema policial, serão exibidos O bandido da luz vermelha (clássico de RogérioSganzerla,de1968)e Perdidos e malditos (de Geraldo Veloso, de 1970). “Perdidos... é um filme importante do Geraldo, e pouco exibido”, comenta Belico. Outras produções da mostra, Malandro, termo civilizado (1986), de Sylvio Lanna, e Lobisomem, o terror da meia-noite, de Elyseu Visconti (1974), também há décadas não são exibidos na cidade. Belico lembra- se de que algumas sessões serão com cópias novas, em 35mm. Outras, de cópias que sofreram telecinagem (transferência de imagens de filme para vídeo) para ser apresentadas no forumdoc. “Esses filmes estão ameaçados de se perder por causa da falta de cuidado e de memória”, finaliza.

 

Festival do filme documentário e etnográfico de Belo Horizonte - Forumdoc.BH

 

De hoje a 2 de dezembro, no Cine Humberto Mauro e no câmpus da UFMG (auditórios da Face, Fafich e FAE). Todas as sessões tem entrada franca (ingressos devem ser retirados meia hora antes das sessões). Veja a programação completa no site www.forumdoc.org.br

 

Experiência xamânica Ao longo dos anos, o forumdoc sempre abriu espaço para a produção indígena (filmes realizados por índios, ou que versem sobre o universo deles). Na sessão de abertura do festival, nesta noite, no Cine Humberto Mauro, serão exibidos dois documentários: Chasseurs et chamans (Caçadores e xamãs), do francês Raymond Depardon, e Xapiri, produção conjunta assinada por Leandro Lima e Gisela Motta, Laymert Garcia dos Santos e Stella Senra e Bruce Albert. A experiência xamânica dos povos indígenas é o ponto central dos dois filmes, que documentam a situação da etnia yanomami. A sessão de hoje será comentada por Renato Sztutman e Ruben Caixeta de Queiroz. Haverá também no dia 28, às 9h, no auditório da Faculdade de Ciências Econômicas, uma mesa-redonda com cineastas indígenas. As convidadas são Suely Maxakali e Patrícia Ferreira.



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