Este ano, o cinema brasileiro pode até não ter alcançado números tão expressivos quanto nos últimos anos. Ainda que a comédia E aí, comeu? tenha atingido a marca de 2.550.354 espectadores, de acordo com as pesquisas realizadas pelo site Filme B, ocupa apenas a 17ª posição entre as 20 produções mais vistas em 12 anos. Se os números não surpreenderam, a tendência para a comédia é algo que tem chamado a atenção. O reflexo disso pode ser observado nesta segunda, durante o Projeta Brasil, realizado pela Rede Cinemark. Leia também: Mostra de Cinema e Direitos Humanos chega a Belo Horizonte Era uma vez eu, Verônica, tem pré-estreia no Belas Artes Exposição de filmes e vídeos no Palácio das Artes reúne obras do Instituto Itaú Cultural Os três cinemas mantidos pela rede em BH terão parte de sua programação dedicada a exibir – todos com ingressos a R$ 3 – 14 filmes brasileiros lançados entre novembro de 2011 e outubro de 2012. Desses, cinco são comédias: As aventuras de Agamenon, o repórter; Billi pig; E aí, comeu?; O diário de Tati e Totalmente inocentes. “A comédia caiu no gosto popular mesmo. Sempre leva grande público ao cinema e, principalmente este ano, todas funcionaram muito bem”, analisa a gerente de marketing da rede, Maricy Leal. Como comenta a professora do curso de cinema da Una Suzana Ferreira, historicamente observa-se que o público brasileiro adere facilmente às comédias. Basta lembrar o sucesso que fizeram os longas protagonizados por Oscarito ou Grande Otelo, por exemplo. “Eles fizeram 13 filmes juntos e todos com casa cheia. Há uma tradição de comédia”, observa. O fenômeno contemporâneo, no entanto, como Suzana ressalta, soma outro fator: a força desempenhada pela televisão. As bilheterias mais expressivas deste ano para o cinema nacional, a começar por E aí, comeu?, têm elenco formado por atores que também marcam presença na televisão. “A visibilidade que os atores têm é incrível. Querendo ou não, eles entram na sua casa todos os dias”, destaca Suzana. Apesar da força da TV, a professora comemora o amadurecimento desse gênero no cinema. “A relação dos atores com a câmera do cinema é diferente, assim como a marcação. Mesmo que as comédias sejam muito populares, há uma esperteza no texto”, destaca. Há 13 anos, quando o projeto começou a ser realizado, grande parte dos filmes selecionados para exibição era drama. “Acompanhamos a evolução do cinema brasileiro. Hoje, o que diferencia é a variedade de gêneros”, completa. Além das comédias e dos dramas, a animação 31 minutos representa bem o filme dedicado à criançada. A expectativa da rede é de pelo menos repetir o público do ano passado, que foi de 133 mil espectadores em todo o país. Para ter uma ideia do quanto isso significa, em um dia normal, segundo Maricy Leal, o público médio da rede é de 50 mil espectadores. Para ela, não é apenas o preço promocional que garante o movimento. O Projeta Brasil é também uma segunda chance para quem perdeu o longa enquanto esteve em cartaz no circuito.