Resultado de Argo, novo filme de Ben Affleck, fica aquém do bom roteiro

Longa estreia neste fim de semana em BH

por Carolina Braga 09/11/2012 10:20

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Warner/Divulgação
(foto: Warner/Divulgação)
 

Enquanto ator, Ben Affleck joga em várias posições: é rosto conhecido em comédias românticas (Mais que o acaso), assim como em aventuras sci-fi (Armagedon) e também thrillers (Intrigas de estado). Este, aliás, parece ser o gênero favorito quando se trata de fazer algo que seja mais autoral. Em Argo, o terceiro filme dirigido por Affleck, isso está muito explícito. Veja mais fotos do filme Confira os horários das sessões Logo nas primeiras cenas, bandeiras americanas queimadas sinalizam as dimensões de um conflito. Na Revolução Iraniana, em 1979, rebeldes invadiram a embaixada dos EUA, fizeram dezenas de estrangeiros reféns. Seis diplomatas conseguiram escapar e se refugiaram na casa do embaixador canadense em Teerã. Obviamente, os fugitivos se tornaram personas non gratas por lá. O filme, baseado em fatos reais, reconstitui a operação da CIA justamente para tirar os funcionários daquele país. Eles precisavam passar incólumes nas fronteiras com identidades falsas. Tony Mendez (papel de Affleck), especialista em resgate desse tipo, é o agente convocado para a missão. A ideia dele é um tanto quanto esdrúxula: inventar que todos fazem parte da equipe de um filme canadense de ficção científica que se passa no Oriente Médio. Eles estariam por aquelas bandas atrás de locações. O nome do falso filme? Argo.

Ben Affleck, o diretor, parece fazer questão de explicitar o quão absurda é aquela história. De certa maneira, o longa trata dos limites – ou seria a falta deles – do intervencionismo norte-americano, da intolerância e do poder de influência e sedução que o cinema exerce no mundo, independentemente da cultura na qual se insere. Aliás, a bem-humorada crítica à indústria do entretenimento é um dos pontos altos da produção. Outro destaque é o trabalho da direção de arte, impecável na reprodução do estilo de época, seja na moda ou nas tecnologias, no fim da década de 1970. Argo, o filme real, tem em seu ritmo a questão chave. A narrativa inicia-se com elementos de animação. O contexto político é apresentado com velocidade, assim como a tensão que permeia as decisões envolvidas na operação. Na medida em que o plano de Mendez é apresentado, o longa explicita seu flerte com a comédia, sem perder o elo, digamos, sério. Nesse ponto, John Goodman (como John Chambers) e Alan Arkin (como Lester Siegel) contribuem – e muito – com o tom irônico que a trama pede. O problema é que na hora em que o plano passa a ser executado, o filme se arrasta. Se Ben Affleck demonstra segurança no posto de diretor, na criação de Tony Mendez ele deixa a desejar. Tony é descrente. Ainda que tenha proposto uma exfiltração inusitada (inventar um filme que não existe), o protagonista, por incrível que pareça, é um sujeito sem graça. Dá a impressão de que nem ele acredita no que pretende fazer. Argo volta a ganhar fôlego na sequência final. Ainda assim fica a impressão de que o potencial do roteiro era maior do que o que foi realizado.

Assista ao trailer do filme:



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