Longa da diretora Rama Burshtein vence a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

A estrela italiana Claudia Cardinale ganhou festa no encerramento do festival brasileiro

03/11/2012 08:55

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
(Norma Films/divulgação)
Cena de Preenchendo o vazio, filme sobre drama vivido por tradicional família de judeus ortodoxos (foto: (Norma Films/divulgação))
São Paulo –
Havia gente rindo à toa no fim da cerimônia de premiação da 36ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, que foi encerrada na quinta-feira à noite. A jornalista Elaine Guerini foi uma que tentou colocar em votação, no júri da crítica, o longa israelense Preenchendo o vazio, mas se chocou com a intransigência de colegas que não queriam nem ouvir falar do filme de Rama Burshtein. Depois da premiação, em que Preenchendo o vazio foi vencedor do Troféu Bandeira Paulista como melhor ficção, o diretor Cao Hamburger, integrante do júri, disse entender as restrições, principalmente masculinas, ao feminismo de Rama. Durante a cerimônia, o público se levantou para aplaudir de pé a estrela italiana Claudia Cardinale, homenageada especial do evento. A atriz foi sucinta. Disse que lamentava não poder agradecer em português. Em italiano, declarou-se lisonjeada e feliz. EUTANÁSIA O prêmio da crítica contemplou o cineasta italiano Marco Bellocchio, por seu drama A bela que dorme, sobre eutanásia. Bellocchio usa a discussão sobre o direito à morte para seguir com o que vem fazendo há décadas. Se há um autor que tem dado seu testemunho vigoroso sobre a política do país, e sem transigir com a estética, é ele. A crítica também outorgou menção especial a Perder a razão, do belga Joachim Lafosse, como estímulo à distribuição do longa no Brasil. Lafosse está longe de ser unanimidade – assim como Rama Burshtein –, mas seu filme sobre um casal de jovens apaixonados que depende financeiramente de um médico mais velho contou com defensores ardorosos. Integrado pelo ator Burghart Klaussner, pelos diretores Danis Tanovic, Jan Harlan e Cao Hamburger e por Kanako Hayashi, que preside o Festival de Tóquio, o júri destinou menção ao ator Edin Hasanovic, do filme alemão O peso da culpa. We came home, de Ariana Delawari, levou o Troféu Bandeira Paulista de melhor documentário. Cantora e compositora, a cineasta nasceu em Los Angeles (EUA), filha de pais afegãos. Em seu filme premiado, ela conta uma história do Afeganistão, mostrando como os pais voltaram para casa no clima de paranoia provocado pelo 11 de Setembro para ajudar a reconstruir o país, invadido pelos soviéticos e dominado pelo Taleban. A prisão do pai foi um duro golpe para Ariana, autora de um álbum com músicos de Cabul que foi apadrinhado por David Lynch. OS BRASILEIROS Colegas, longa-metragem dirigido por Marcelo Galvão, ganhou o troféu de melhor ficção concedido pela 36ª Mostra Internacional de Cinema. Sementes do nosso quintal, de Fernando Heiz Figueiredo, levou o prêmio de melhor documentário. Colegas, sobre as aventuras de um trio de portadores de síndrome de down, venceu o Prêmio da Juventude. O Prêmio Itamaraty contemplou os elogiados O som ao redor, de Kléber Mendonça Filho, e Francisco Brennand, de Mariana Brennand Fortes. Clima de novela Rama Burshtein é uma diretora desconhecida que dedicou boa parte da vida e da profissão para criar filmes para sua comunidade de judeus ortodoxos em Nova York. Aos 45 anos, ela saiu desse pequeno círculo e conseguiu uma vaga na competição pelo Leão de Ouro, no último Festival de Veneza, com Preenchendo o vazio. O filme surpreendeu a imprensa ao dar o prêmio de melhor atriz para a jovem Hadas Yaron. Vencedor da 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o filme joga luz, em clima de novela brasileira das seis, em uma tradicional família de judeus ortodoxos israelenses. No dia do feriado de Purim, o rabino Aharon (Chayim Sharir) perde  a filha mais velha (Renana Raz), quando ela dá à luz. Com receio de ficar distante do neto, a matriarca (Irit Sheleg) começa a pensar na possibilidade de casar a caçula, Shira (Yaron), com o viúvo. Embora a moça almeje um marido jovem, ela não é contrária à ideia da mãe. A câmera de Rama Burshtein passa a perseguir a garota no dilema de como preencher o vazio que sente e suas possibilidades de escolhas.

MAIS SOBRE CINEMA