Nova versão de Meu Pé de Laranja Lima é exibida no Festival do Rio

Filme se destaca em meio aos problemas técnicos da mostra e do mercado cinematógráfico nacional

por Agência Estado 01/10/2012 10:59

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Divulgação
Nova versão ressalta caráter autobiográfico da obra de José Mauro de Vasconcellos (foto: Divulgação)

Na noite de abertura do Festival do Rio, a diretora artística do evento, Ilda Santiago, havia agradecido antecipadamente ao esforço de sua equipe, dizendo que a maioria das sessões seria em digital e todos os cuidados estavam sendo tomados para garantir a excelência técnica. Pelo visto, os cuidados não foram suficientes e, em apenas dois dias de Première Brasil, na sexta-feira e no sábado, pelo menos três exibições foram interrompidas para ajustar imagem e som. É um problema que extrapola o Festival do Rio. Diz respeito ao mercado como um todo, que se aparelha para o que já é irreversível - dentro de um par de anos, garantem especialistas, todas as projeções serão em digital. O mercado brasileiro está aparelhado para isso?

Maior vitrine da produção brasileira, a Première Brasil bate o próprio recorde e este ano apresenta 73 títulos divididos em diferentes seções e formatos - curtas e longas, ficções e documentários, retratos e música. No sábado à noite, passou o melhor filme até agora - Meu Pé de Laranja Lima, que Marcos Bernstein adaptou do livro famoso de José Mauro de Vasconcelos. Ator de Walter Hugo Khouri (em A Garganta do Diabo), José Mauro virou um autor de muito sucesso nos anos 1960, cujos livros, e especialmente O Meu Pé de Laranja Lima, vendem bem até hoje. Os críticos quase sempre foram duros com ele, deplorando menos a estrutura melodramática do que o apelo ao sentimentalismo.

Meu Pé de Laranja Lima foi filmado por Aurélio Teixeira e deu origem a duas novelas de televisão. Marcos Bernstein, roteirista de Central do Brasil (com João Emmanuel Carneiro) e diretor de Do Outro Lado da Rua, demorou uma década - dez anos! - para concretizar o projeto. No palco do Cine Odeon BR, cercado pela equipe, ele disse que seu filme mudou muito ao longos dos anos. De narrativa de época virou drama contemporâneo, a verba encurtou, foram muitos percalços, mas o que não mudou foi a dedicação de atores e técnicos que deram o melhor de si.

O filme recria o básico do livro - a história do garoto sofredor que apanha do pai e conversa com a árvore do título -, mas resulta em outra coisa na tela. Por mais que José Mauro de Vasconcelos dissesse que Zezé, o pequeno protagonista de Meu Pé de Laranja Lima, não era ele, havia elementos autobiográficos na história, sim, e a adaptação de Bernstein os realça. O filme é sobre esse garoto que tem uma imaginação muito fértil e que vira escritor. Ele ganha de um amigo, o Portuga, a caneta com a qual escreve sua primeira história. Realiza o rito de passagem numa cena memorável - que não está no livro nem no filme antigo -, correndo contra o trem num desejo de superação.

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