Francês Superstar tem boa receptividade no Festival de Veneza

Longa de Xavier Gianolli fala sobre o culto à celebridade

por Agência Estado 31/08/2012 15:53

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(foto: Divulgação)
Martin Kazinski (Kad Merad) é um homem comum. Trabalha numa empresa de reciclagem de material informático, que emprega também pessoas com deficiência. Um dia normal, essa pessoa comum passa a ser reconhecida no metrô. Todo mundo quer tirar uma foto ao seu lado, ou pedir um autógrafo. Da noite para o dia, Martin tornou-se uma celebridade e não sabe o que fazer com a fama súbita e inexplicavelmente adquirida. Essa é a história de Superstar, de Xavier Gianolli, primeiro competidor francês a ser apresentado no Festival de Veneza. Teve boa sessão de imprensa, com risos durante a projeção e aplausos ao final. Se você assistiu a Para Roma com Amor, o mais novo filme de Woody Allen, vai reconhecer esse mesmo tema no episódio vivido por Roberto Benigni. Matteo Garrone, também recentemente, se debruça sobre a questão em Reality - desta vez com o foco mais colocado nos reality shows. O próprio Woody havia já feito um filme sobre o assunto, Celebridades (1998). O cinema, enfim, tem se interessado por esse persistente fenômeno da vida moderna, o culto à celebridade. Pode-se dizer que esse culto, de certa forma, sempre existiu, no fascínio exercido por pessoas notáveis sobre os comuns mortais. Há diferenças de grau e de essência. Antes, alguém se tornava célebre ou porque tinha feito algo extraordinário, ou porque era muito belo ou muito rico ou inteligente. Hoje, a celebridade é uma indústria e contaminou a mídia a tal ponto que, no limite, chegamos a uma tautologia. Alguém é célebre... simplesmente porque é célebre. Assim, será inútil que o personagem do ótimo ator Kad Merad garanta que apenas quer ter a sua vidinha de volta. Isso pode muito bem funcionar como um ingrediente adicional para aumentar ainda mais a sua inesperada celebridade. O interessante dessa comédia crítica de Giannoli é levar essa constatação contemporânea do culto à celebridade às suas consequências mais absurdas, e nem por isso desprovidas de realidade. Tudo faz sentido nesse mundo sem qualquer eixo ou parâmetro de comportamento. Podemos nos identificar com um ser admirável ou comum, com um patife ou com alguém perfeitamente inexpressivo. “Eu não sou de modo nenhum um diretor intelectual, mas acho que a situação do filme resume perfeitamente a minha sensação do mundo atual”, diz o diretor. Sobre a semelhança temática com o filme de Woody Allen, Giannoli lembra que seu filme é baseado no romance O Ídolo, de Serge Joncour, publicado em 2005. Já que o senso crítico foi abolido, a mídia serve alegremente desse tipo de prato. É ele que vai garantir audiência, sucesso e dinheiro. Martin Kazinski cai nessa engrenagem mediática, guiado pelas mãos aparentemente suaves de uma produtora de TV vivida por Cécile de France. “É parte desse mundo do espetáculo, que não pode funcionar sem a mercantilização do jornalismo atual”, diz Giannoli.

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