Filme de Laís Bodanzky aborda vida de adolescentes de classe média

E o impacto das novas mídias sobre o comportamento dos jovens

por Sérgio Rodrigo Reis 10/04/2010 11:23
Beatriz Lefevre/divulgação
O protagonista Francisco Miguez, que interpreta o jovem personagem Mano, saiu da escola direto para as telas de cinema do país (foto: Beatriz Lefevre/divulgação)
A adolescência é uma fase marcada por situações universais: o primeiro beijo, o início do namoro, o sexo, a vontade de sair da casa dos pais, de ganhar o próprio dinheiro e até, para alguns, a aproximação com o triste mundo das drogas. Neste século 21, garotos e garotas na faixa dos 15 anos experimentam uma novidade: a interatividade com as novas mídias, sobretudo por meio dos sites de relacionamento, o que potencializou, e muito, a rapidez das relações sociais. O filme As melhores coisas do mundo, da diretora Laís Bodanzky, com estreia prevista para sexta-feira nos cinemas, lança um olhar sobre essa nova realidade. Veja fotos do filme As melhores coisas do mundo Inspirado na série de livros Mano, escrita pelo jornalista Gilberto Dimenstein, o longa-metragem foi produzido pela Gullane Filmes em parceria com Warner Bros. Pictures, Casa Redonda, Buriti Filmes e RioFilme. A fita conta a história de um adolescente de classe média paulistana. Na escola particular onde Mano estuda com o irmão – personagem interpretado por Fiuk, filho do cantor Fábio Júnior –, eles passam pelos principais rituais de iniciação. Descobrem a força devastadora das novas mídias, sobretudo da internet e das mensagens via celular, quando é alardeada a notícia de que o pai decidiu sair de casa para viver um caso com outro homem. O deboche implacável dos colegas tumultua a rotina dos garotos, obrigados a enfrentar situações complicadas. Todas as coisas do mundo trata do universo adolescente na dose certa. Não repete clichês, tampouco exibe a visão estereotipada dos adultos. Encontrar o tom exato para a narrativa exigiu da diretora um método de trabalho que incluiu a imersão no tema, assim como ela fez em Bicho de sete cabeças e Chega de saudade. O primeiro longa trata da trajetória de um jovem internado pelos pais em hospital psiquiátrico depois de ser encontrado com um cigarro de maconha. O outro filme aborda a terceira idade. MAS ESCOLAS Para criar Todas as coisas..., Laís, o produtor musical BID e o roteirista Luiz Bolognesi pesquisaram o pensamento dos jovens de classe média. Nas sete escolas visitadas, a equipe abordou pequenos grupos de estudantes. “Falamos de tudo: sobre como eles se comportam e se divertem e sobre as identificações. Começamos abrindo o jogo sobre o projeto”, explica a cineasta. Nesses bate-papos, ela encontrou o protagonista, o estudante Francisco Miguez. Depois de três workshops, não teve mais dúvida sobre a escalação do adolescente. “Laís me chamou para mais um dia de testes. Eu estava de férias, já seria o quarto dia perdido com aquilo. Quando cheguei, me contaram que eu faria o Mano”, diz Miguez. O jovem gostou da experiência, mas ainda não sabe se seguirá a carreira de ator. “Não quero definir agora. Só tenho 15 anos”, explica. Para ele, o mais interessante é o fato de o filme não tentar definir a adolescência, mas contar a história de um garoto que, como ele, experimenta as delícias e agruras de uma das fases mais efervescentes da vida. Assista ao trailer de As melhores coisas do mundo

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