Problemas estruturais e de trânsito não estragam a festa em BH

Apesar da falta de banheiros químicos e congestionamentos, blocos empolgam com vários gêneros musicais

por Larissa Ricci 26/02/2017 08:24
Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Milhares de pessoas passaram pela Avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte, seguindo o bloco Quando Come se Lambuza (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Mesmo com muita purpurina, animação e poucas ocorrências, a falta de policiamento em alguns blocos, a desorganização no trânsito e a falta de banheiro chamaram a atenção de alguns foliões. Houve carro encurralado durante passagem do cortejo, assim como alguns foliões se arriscando a urinar no canteiro central da Avenida Afonso Pena por falta de sanitário químico. Mas também teve muita cerveja gelada, fantasia criativa e música para todos os gostos: reggae, música pop, sertanejo ou o clássico axé. Apostando em uma mistura de gêneros musicais, o bloco Quando Come Se Lambuza, inaugurando em 2014, arrastou milhares de pessoas pela Avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte, na tarde de sábado.

A pedagoga Bárbara Dias, de 29 anos, avaliou o desfile como muito bom. “Esse foi o meu primeiro bloco de carnaval deste ano e acho que foi bem organizado. A música também está muito boa e até quem fica no final da rua consegue ouvir o som. Não vi nenhum policial e também não vi arrastão ou qualquer tipo de confusão”, disse.

De acordo com o major Flávio Santiago, chefe da assessoria de imprensa da Polícia Militar (PM), houve diminuição nos crimes no carnaval em relação à festa do ano passado. Os dados de ocorrências só serão divulgados na quarta-feira. “O primeiro dia já teve uma redução significativa de todos os índices de criminalidade”, afirmou. Porém, a Reportagem do Estado de Minas não encontrou policiamento em nenhuma das esquinas entre a Rua da Bahia e a Avenida Brasil durante a passagem do bloco.

Já em relação aos banheiros químicos, a falta deles foi sentida desde o desfile do Bloco Fúnebre, que saiu no fim da noite de sexta-feira, também na Avenida Afonso Pena. Muitas pessoas procuraram lanchonetes abertas, mas muitos estabelecimentos não permitiram a entrada dos foliões. Portanto, as mulheres buscaram ruas mais desertas para urinar com a ajuda de “cabaninhas” de amigas, enquanto os homens não se inibiam de fazer xixi nos muros das avenidas movimentadas. Teve até jovem urinando no canteiro central da Avenida Afonso Pena.

CORES DA JAMAICA

Enquanto o coro do hit Infiel, de Marília Mendonça, invadia a Afonso Pensa, embaixo do Viaduto Santa Tereza, no Centro de BH, a onda era mais pacífica: Dont worry, be happy. Alguns foliões deixaram o Então, Brilha! para ir para o Bloco do Marley, também na tarde de ontem. As cores amarelo, verde e vermelho predominaram no local. “Gosto de vir nesse tipo de bloco porque acho que nós somos mais respeitadas. Já no caminho da rua até chegar no bloco, a gente ouve comentários como ‘vagabunda’. Aqui, é muito mais legal”, relatou a jovem Mariana Assis, de 21 anos. O belo-horizontino não economizou na criatividade. Teve grupo de meninas vestidas com fantasias de vaquinhas com garrafa de leite nas mãos e colant com estampa do animal. “Somos vacas. Todo mundo adora. Vamos combinando em todo carnaval. Amanhã, nós vamos de time”, contou Eliza Lemgruber, de 20. Outro folião que chamou a atenção foi o dinossauro Jack Dino Júnior. “Ele é meu filho, levo-o para todos os cantos. Desde 2016 ele me acompanha, já foi até para Porto Seguro”, disse o estudante Rodrigo de Brito, de 18. “Se ele falasse algo agora sobre o carnaval seria ‘tá muito doido’”, brincou.

ATRAVESSOU

Lixo por toda parte Depois da apresentação do Então, Brilha!, o lixo tomou conta da Praça da Estação. Muitas garrafas de cerveja, de plástico e sacolas espalhadas. Por volta das 14h, os garis tiveram muito trabalho para recolher os restos de foliões mal-educados. “Ficou muito sujo. As pessoas poderiam colaborar, né”, disse a estudante Juliana Soares, de 20 anos. PLACA Tática para não se perder na folia Para não se perder na multidão do Então, Brilha!, a turma do Homem-Aranha Carlos Júnior apelou para a plaquinha. E ele avisa que a estratégia deu certo. A tática será usada em outros blocos. Afinal, folião desgarrado não brinca sozinho. DEU ONDA BH é o carnaval do amor O bloco Ladeira Abaixo, que saiu pelo segundo ano no Bairro Floresta, na Região Leste, improvisou uma serenata para uma senhora que estava sentada na varanda de um prédio. A bateria começou a tocar Carinhoso, de Pixinguinha. Os foliões cantaram com todo entusiamo, a senhora foi até a grade e mandou beijos para o público. A homenagem rendeu momentos de fortes emoções.

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