Dona Lucinha supera problemas de saúde e surge como convidada ilustre do Salgueiro

Homenageada pela escola carioca, chef mineira é autora do livro que inspirou desfile da vermelho-e-branco

por Helvécio Carlos 17/02/2015 12:27

Anderson Borde/AgNews
Dona Lucinha (no detalhe, à direita) desfilou no carro dedicado a Nossa Senhora do Rosário (foto: Anderson Borde/AgNews)
A grande surpresa do desfile do Salgueiro pelo Grupo Especial das escolas de samba do Rio, no último domingo, foi a presença da mineira dona Lucinha, cujo livro inspirou o enredo 'Do fundo do quintal, saberes e sabores na Sapucaí'. A homenageada da vermelho e branco da Tijuca vem se recuperando de problemas de saúde.

 

Quinze dias antes do carnaval, ela estava no CTI devido a uma pneumonia. Até os 45 minutos do segundo tempo, a família ainda não tinha certeza da presença da matriarca no Sambódromo.

 

“Fizemos duas tentativas de levá-la à concentração. Só na terceira, quando percebemos que o tempo estava firme, decidimos pela participação da mamãe”, conta Márcia Nunes. Ao fim do desfile, filhos, noras e genros comemoraram. “Você via pela expressão dela a felicidade, a alegria e o tremendo encantamento com essa homenagem tão linda”, emocionava-se Márcia.

Dona Lucinha desfilou no carro em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, sua santa de devoção. Ela ficou ao lado de Iracema Pinto, presidente dos destaques do Salgueiro, e de Djalma Sabiá, o único fundador vivo da escola. “Foi tudo mágico, a realização do impossível”, vibrava Márcia. Dona Lucinha chegou sábado ao Rio de Janeiro. “Tenho a certeza de que vamos ganhar o título. E vamos voltar”, afirmou Márcia.

O SAMBA-ENREDO DO SALGUEIRO
Tem amor nesse tempero. Salgueiro
Esse "trem é bom demais"
Vem dos tempos dos meus ancestrais
Foi o índio que ensinou
Com sua sabedoria
O jeito de aproveitar tudo que a terra dá, no dia a dia
É de dar água na boca, se lambuzar
Visitar o paraíso. E sonhar

O danado desse cheiro sô! ô, sinhá
Atiçou meu paladar. Ô, sinhá
Já bebi uma "purinha", vim sambar na academia
E não quero mais parar. Ô, sinhá

O ouro desperta ambição
Da fome nasce a criatividade
O branco, o negro e seus costumes
Trazendo muito mais variedade
Um elo em comunhão
E a culinária virou arte e tradição

É no tacho, na panela, mexe com a colher de pau
Saberes e sabores lá do fundo do quintal
Peço a Nossa Senhora pra não deixar faltar
É divina, que delícia, pronta pra saborear

Prepara a mesa, bota a fé no coração
Numa só voz vai meu samba em louvação
É o meu Salgueiro com gosto de quero mais
Ó Minas Gerais!

'Do fundo do nosso quintal: saberes e sabores na Sapucaí', de Xande de Pilares, Jassa, Betinho de Pilares, Miudinho, Luiz Pião e W Correa

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