A luta das ninjas de espadas de plástico contra os cowboys de chapéu cor-de-rosa e a guerra de estalinhos das crianças que corriam entre os foliões foram os únicos embates nos blocos que fizeram ontem o pré-carnaval de rua de Belo Horizonte. O mau tempo e o grande número de blocos – foram ao menos 28 listados oficialmente – fizeram desse esquentar de tamborins para a folia da semana que vem um desfilar tranquilo e organizado, sem as cenas vistas no ano passado, quando milhares se espremiam nas ruas de bairros residenciais, bloqueando o trânsito, sem espaço para caminhar, ir a banheiros, comprar refrescos e cerveja. Melhor para as famílias que puderam levar os pequenos para se divertir com mais segurança e tranquilidade.
O clima cinzento e a chuva que caiu de manhã atrapalharam os blocos marcados para mais cedo, obrigando alguns a cancelar sua festa, e atrasou a programação de outros. Nos morros íngremes do Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul de BH, a visão da nuvem carregada que cobria a Serra do Curral não inibiu as baterias de duas folias simultâneas: o Bloco Mamá na Vaca, na Rua Santo Antônio do Monte; e o Santo Bando, na Rua Paulo Afonso. Na primeira, que contou com cerca de 400 pessoas, a homenagem aos ruminantes que dão nome ao bloco é exposta em balões e fantasias malhadas. E eram muitas as fantasias de gado leiteiro ,com tetas exageradas e muitas manchas pretas no pelo branco: vaca monstro, vaca louca, vaca ninja e até uma vaca de martelinho de plástico distribuindo golpes de brincadeira em quem passava por ela. No embalo do Mamá na Vaca, o Toca Raul também se destacava na festa com foliões fantasiados de roqueiros.
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PAIXÃO MOMESCA Alguns quarteirões abaixo, a folia do Santo Bando levou mais pessoas para as ruas e tinha um perfil um pouco mais jovem, com músicas mais voltadas para esse público, como axé e até carros com porta-malas abertos tocando funk nas ruas próximas. No meio dos confetes e serpentinas, rapazes e moças flertaram em meio a danças e gracejos, deixando as máscaras de lado para beijos apaixonados. Ambulantes legais e irregulares impulsionaram o combustível alcoólico da folia, com os chup-chup de cachaça e vodca aparecendo como novidades.
O trânsito também ficou um pouco confuso, porque nem todos os blocos seguiam o traçado combinado com a BHTrans. No Santa Teresa, na Região Leste, as festas previstas para a Praça Duque de Caxias e para a região do Cardoso, também não atraíram tanta gente quanto nos anos anteriores. O policiamento, no entanto, foi reforçado e houve até blitz na Rua Mármore, um dos principais acessos ao bairro boêmio.