BH ainda se organiza para garantir a diversão de 1 milhão de pessoas esperadas durante o carnaval

Depois da surpreendente folia de 2013, prejudicada pela falta de estrutura, BH ainda se organiza para garantir diversão de 1 milhão de pessoas esperadas este ano. Bairro Santa Tereza pode barrar carros

por Tiago de Holanda 01/02/2014 13:30

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Euler Júnior/EM/DA PRESS
Blocos como o 'Chama o Síndico' reforçam a rotina de ensaios e prometem o maior carnaval que BH já teve (foto: Euler Júnior/EM/DA PRESS)

Há poucos anos era difícil imaginar que o carnaval de Belo Horizonte teria mais de 200 blocos de rua e 1 milhão de foliões, estimativa da Empresa Municipal de Turismo (Belotur) para este ano. Empolgados com o crescimento da festa, os blocos intensificam os ensaios, mas a ansiedade se mistura à apreensão. A um mês da folia, a prefeitura ainda estuda medidas para garantir um carnaval mais organizado do que em 2013. Falta decidir, por exemplo, a quantidade de banheiros químicos e as normas para o licenciamento de ambulantes. E a BHTrans ainda não definiu as mudanças no trânsito, mas avalia impor restrições ao acesso de carros no principal destino dos foliões: Bairro Santa Tereza.

O prazo para os blocos de rua se cadastrarem na Belotur terminou quinta-feira. Foram registrados 137, que informaram quando querem desfilar, percurso e estimativa de público. Do total, 74,45% pretendem desfilar nas regiões Centro-Sul (57) e Leste (45). Entre os bairros, Santa Tereza é o campeão, com 20. A Belotur acredita que cerca de 70 não formalizados também participem. “Pedimos cadastramento para proteger os blocos e apoiá-los. Alguns precisarão de banheiros químicos e da Polícia Militar”, explica o presidente da Belotur, Mauro Werkema.

Werkema admite que a prefeitura foi surpreendida em 2013, quando 72 blocos se cadastraram, mas mais de 100 saíram saíram às ruas. “No caso dos banheiros químicos, por exemplo, tivemos que instalar alguns na última hora, sobretudo em Santa Tereza”, lembra. Mas ele não se preocupa o grande número de não cadastrados este ano: “Os que se registraram são, em geral, os grandes blocos, que realmente precisam do apoio do poder público.”

No dia 22, foi criada um comissão com representantes da prefeitura para coordenar o desfile de blocos e escolas de samba, que voltam para a Avenida Afonso Pena. Equipes ficarão de plantão 24 horas por dia durante o carnaval. Segundo a Belotur, a licitação para contratação de banheiros químicos ainda não foi aberta. Werkema estima que ao menos 750 sejam instalados durante o carnaval, contra 650 no ano passado, que foram insuficientes.

Moradores “O principal desafio é Santa Tereza. Oito blocos querem sair da Praça Duque de Caxias e estamos conversando com blocos e moradores para acertar o cronograma. A Associação Comunitária de Santa Tereza enviou à Belotur documento com reivindicações. Uma delas é para que seja permitida apenas a circulação de táxis, ônibus e veículos de moradores nas principais vias do bairro. “Santa Tereza tem ruas estreitas. Queremos que seja proibido estacionar no quadrilátero da praça e nos quarteirões vizinhos”, afirma o presidente da entidade, Ibiraci do Carmo. O documento solicita ainda que a folia ocorra entre as 10h e as 18h. Outra reivindicação é que não haja desfiles na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira da paixão. A prefeitura estuda as solicitações.
Marcos Vieira/EM/DA PRESS
Bloco Então Brilha! esquenta os tamborins e acerta os passos em ensaios todas as terças-feiras na Praça da Estação (foto: Marcos Vieira/EM/DA PRESS)

“No ano passado, o crescimento do carnaval teve impacto muito negativo no bairro. Muitos moradores tiveram dificuldade para sair e chegar em casa e até estacionaram o carro fora do bairro e seguiram a pé. Agora tem morador que vai tirar a mãe de casa, com medo de que ela passe mal, precise ir para hospital e não tenha como sair do bairro”, diz Ibiraci. “A região virou um banheiro gigante. A sujeira foi um horror. Não víamos agentes da BHTrans para organizar o trânsito, nem policiais. Houve falta total de estrutura”, reclama.

Representantes dos blocos acreditam que a festa será mais organizada. “A cidade não estava preparada. Hoje existe uma preparação”, ressalta Humberto Mundim, puxador do Alcova Libertina, que se apresenta em Santa Tereza.

O Baianas Ozadas desfilou pela primeira vez em 2013, saindo da Praça da Liberdade, no Bairro Funcionários, com a última parada na Praça da Estação, no Centro. O bloco esperava entre 100 e 500 foliões em 2013, mas recebeu entre 8 mil e 10 mil. Neste ano, homenageará Dorival Caymmi. “Começamos a ensaiar em junho, uma vez por mês. Agora, passaremos a nos reunir aos sábados”, diz um dos líderes do grupo, George Cardoso. “Muita gente está cansada dos carnavais tradicionais, como em Salvador e Recife. O de BH tem clima familiar”, avalia.
Euler Júnior/EM/DA PRESS
Chama o Síndico ensaia uma vez por semana só com repertório de Jorge Ben Jor e Tim Maia (foto: Euler Júnior/EM/DA PRESS)

Christiano de Souza é regente do Então Brilha!, que desfilou pela primeira vez em 2010, entre a Rua Guaicurus e a Praça da Estação, onde ocorrem os ensaios toda terça-feira. “Pode chegar quem quiser. Não fazemos seleção de quem quiser tocar, mas pedimos que arrume o próprio instrumento e pratique, para não virar uma bagunça”, explica.

A banda Chama o Síndico, fundada em 2012, ensaia uma vez por semana. No repertório, só músicas de Jorge Ben Jor e Tim Maia. O desfile sai da Praça da Praça da Liberdade e acaba sob o Viaduto de Santa Tereza. “O bloco teve mil pessoas em 2012 e 6 mil no ano seguinte”, afirma o folião Matheus Rocha.

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